Passei a esperar mais pelos dias da semana e menos pelos
finais dela. Nunca pensei que eu fosse capaz de gostar tanto de um domingo à
noite!
Passei a imaginar e esperar pelas conversas virtuais e não
mais o velho e tão bom olhos nos olhos. Passei a ter um sorriso aberto, largo,
para uma tela de computador.
Passei a procurar soluções de problemas que nem eram meus,
buscando proteger você e proteger quem clareia a sua vida. E confesso que
buscar essa solução, além de senso de justiça, tinha um pouco de benefício
próprio.
Passei a admirar uma pessoa que mal conheço.
Passei a imaginar eu, você e seu violão na sua cama.
Passei a imaginar quão boa poderia ser a nossa sintonia, a
nossa voz em uma só nota, uma oitava acima ou uma oitava abaixo ou intercalando,
se a noite fosse longa.
Passei amor, mesmo passando insegurança.
Passei a querer muito, aquele muito que o Caetano diz ser
muito pouco.
Passei a esperar.
Passei medo. Você também mal me conhece.
Passei rápido pela sua vida, rápido demais, na velocidade de
um chat.
Passei.
Passou.
Célia Aguiar
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